Artigo

As várias faces da procura de escritórios em 2022

Artigo de Opinião por Carolina Villax, Senior Consultant - Tenant Rep na JLL

Maio 20, 2022

Como comprovam os níveis de procura registados neste início de ano, o mercado de escritórios português parece ter recuperado o seu dinamismo e mostra-nos uma boa vitalidade que deverá continuar ao longo dos próximos meses. A procura está muito ativa e, a crer nos contactos que nos vão chegando, recomenda-se!

No fecho do primeiro trimestre, por aqui, o nosso departamento de leasing conta com uma procura incisiva de escritórios perto dos 120.000 m2 que se distribuem maioritariamente entre call centres, serviços partilhados, financeiras, tecnológicas e coworking. Juntando a confiança da atividade dos próximos 3 trimestres aos 64.000 m2 já transacionados entre janeiro e março de 2022, acredita-se que o fecho do ano atinja um volume superior aos dois últimos anos e provavelmente, similar ao período pré-covid.

Do lado das empresas, é evidente uma forte vontade de finalmente tomar novas decisões quanto aos seus espaços de trabalho, e ocupar aquelas mesas que tinham acabado por ficar on-hold ao longo dos últimos dois anos. Um fenómeno que hoje se reflete numa procura robusta e com um vigor acrescido, como não era observado desde o pré-pandemia.

Não obstante, é também evidente a existência de dois fluxos distintos desta nova procura que está a dinamizar e a liderar a retoma do mercado português de escritórios neste novo ciclo pós-pandémico, o que, evidentemente, tem também reflexos no tipo de produto pretendido e na natureza dos contratos celebrados.

Por um lado, temos uma procura liderada pelas empresas de maior dimensão e com posições mais consolidadas no mercado, como as grandes multinacionais, que querem trazer os seus colaboradores de volta ao escritório físico e que, assim, investem naquele espaço não só para o tornar mais acolhedor e também, claro, para o adaptar às novas formas de trabalho. É o caso, por exemplo, de entidades como a Sanofi ou a Pipedrive, com as quais a nossa equipa tem trabalhado lado a lado.

Do outro lado, temos uma procura impulsionada por empresas que acabam de chegar ao nosso país e que têm urgência na contratação dos seus primeiros escritórios, com vista a uma instalação rápida e, de preferência, com custos menores de implantação. Note-se, contudo, que na maioria das vezes este é um espaço que é logo arrendado com uma perspetiva temporária, uma vez que o objetivo é, precisamente, dar o pontapé de saída à instalação da atividade no nosso país e, a partir daí, partirem à procura daquelas que serão as suas instalações permanentes e para as quais têm requisitos bem mais exigentes. A Amgen ou a Pagerduty, por exemplo, são alguns dos clientes da JLL que optaram por esta estratégia.

Contudo, à parte das motivações de cada uma destas franjas da procura, há algo transversal às empresas que querem espaços de escritórios neste novo ciclo do mercado: a flexibilidade. Para além do reconhecimento de que o espaço físico do escritório potencia o negócio, ao facilitar a rapidez da comunicação, a troca de conversas informais e de ideias – em suma, a colaboração entre equipas -, sentimos também que predomina algum cansaço das empresas e dos seus colaboradores em relação ao teletrabalho, havendo uma saudade real das pessoas em retomar as idas ao escritório, de sair de casa e voltar às suas rotinas. Assim, pela sua versatilidade e pela flexibilidade que oferece, um modelo de ocupação híbrida começa agora a ser predominante, havendo cada vez mais entidades que propõem aos seus colaboradores repartir a semana de trabalho entre o escritório da empresa, com três dias reservados ao trabalho de equipa, e as suas casas, com os restantes dois dias a serem dedicados a um trabalho de foco e concentração.

Esta flexibilidade, que permite um equilíbrio maior entre a vida pessoal e profissional, acabou também por potenciar a implementação de novas formas de trabalho no escritório, através, por exemplo, da criação de novos espaços colaborativos e zonas sociais que muitas das vezes encaixam no layout através da redução das áreas de trabalho em open space, uma vez que os postos de trabalho começam a ser cada vez mais usados de forma rotativa; embora em certos casos tal acabe mesmo por ditar uma necessidade de expandir área. De certa forma, estes escritórios do futuro vêm competir com o conforto das nossas casas, transformando-se em espaços tão convidativos, confortáveis e focados no bem-estar, que serão essenciais não só para atrair e reter talento, mas que funcionarão também como uma “arma” para levar esse talento à morada física da empresa.

No entanto, desengane-se quem pensa que só de novas procuras e grandes investimentos vivem as empresas e, consequentemente, é alimentado o mercado português. Até porque, não podemos ignorar que muitos grupos internacionais começam a exigir estratégias de redução de custos em cada país, o que por muitas vezes passa pela redução de área do espaço do escritório.

Neste cenário, têm chegado ao mercado novas opções num formato de subarrendamento – hoje encarado como uma boa oportunidade para aquelas empresas que procuram bons espaços, mas com pouco investimento. Falamos, pois, de produto em boas condições, com qualidade, em zonas prime e na maioria, pronto a ocupar; e comumente conhecido como “tenant supply”. Pelas contas da JLL, desde o início da pandemia já entrou no mercado lisboeta pouco mais de 16.000 m² deste tipo de stock, dos quais 58% já foram ocupados, estando neste momento boa parte do remanescente sob análise por potenciais interessados. A estratégia dos seus ocupantes passa essencialmente por adaptar as suas necessidades ao fit-out já existente, deixado pelo inquilino anterior.

Ainda no caminho das políticas corporativas internacionais de racionalização de custos, estão também a surgir novas empresas no nosso país que procuram rendas mais competitivas do que as praticadas noutras capitais europeias, algo que o nosso país consegue realmente oferecer. Muitas das vezes são empresas ligadas ao setor da tecnologia e que que antes de escolher a zona de Lisboa e escritório permanente onde ficar, preferem primeiro instalar-se temporariamente – por períodos de 6 a 12 meses - num espaço cowork, estando a impulsionar a atividade também neste formato. E, facto é que a procura por espaços flexíveis deste género evoluiu bastante nos últimos tempos, levando a que vários dos operadores que atuam nesta franja de mercado estejam também ativamente à procura de novas opções para acolherem estas empresas.

*Artigo escrito para a Executive Digest

Esta flexibilidade, que permite um equilíbrio maior entre a vida pessoal e profissional, acabou também por potenciar a implementação de novas formas de trabalho no escritório, através, por exemplo, da criação de novos espaços colaborativos e zonas sociais que muitas das vezes encaixam no layout através da redução das áreas de trabalho em open space, uma vez que os postos de trabalho começam a ser cada vez mais usados de forma rotativa.

Carolina Villax, Senior Consultant - Tenant Rep na JLL Lisbon, Portugal

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