É possível sabermos como será o mundo em 2030?
Artigo de opinião de Maria Empis, Head of Work Dynamics
O início de uma nova década leva-nos sempre a pensar mais à frente. Como será o mundo em 2030? Que novas tendências estão hoje a desenhar-se e quais mais irão influenciar o imobiliário? Questões difíceis de responder, ainda mais com a nova variável de uma pandemia global, pese embora que muitos dos novos hábitos “expostos” com a disruptiva Covid-19 já estavam bem identificados como tendências que iriam marcar os novos anos 20.
Desde logo a (1) tecnologia! É algo que está em toda a parte, que é essencial para a nossa vida quotidiana (como se tornou evidente agora) e cujo papel utilitário vai continuar a reforçar-se ao longo de década. Os avanços a nível de Inteligência Artificial e de Automação – desde a impressão 3D à robótica – serão centrais na evolução da sociedade e da economia. O mercado de trabalho será um dos mais afetados por estes avanços tecnológicos e não necessariamente de forma negativa, pois estima-se que possam gerar tantos empregos quantos os que farão desaparecer. Vários estudos notam mesmo que, as áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática vão gerar o maior aumento de emprego nos próximos 10 anos. Outro impacto importante da tecnologia é na mobilidade e, consequentemente, na organização das cidades. Por exemplo, com os carros sem condutor, as necessidades de estacionamento serão muito diferentes e os grandes parques poderão dar lugar a novas casas, lojas ou armazéns, estes últimos em crescendo dentro das cidades para dar resposta às vendas online e à distribuição last-mille.
Outra tendência em aceleração são os (2) novos modelos de trabalho. A pandemia veio provar que é possível instituir o teletrabalho na maior parte das empresas, ao mesmo tempo que permitiu testar a aceitação dos colaboradores a este formato. As conferências com holograma podem ser uma realidade em 2030 e a jornada das 9h às 18h poderá ser uma miragem à medida que o teletrabalho (em modelo híbrido ou não) passe a ser adotado definitivamente. Dito isto, qual é o futuro dos escritórios? Desaparecerão? Não! Vão continuar a ser necessários para reuniões presenciais e, mais do que isso, já mostraram ser um espaço essencial para os processos de decisão, comunicação entre equipas e interação social.
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Ao mesmo tempo, solidifica-se o desafio da (3) sustentabilidade. Os governos, as cidades, as empresas e as pessoas terão, cada vez mais, uma tolerância zero nesta área e os edifícios, bem como a sua operação, terão que contribuir para esta luta. Os imóveis, que são grandes produtores das emissões de carbono, têm um papel fundamental nos objetivos de emissões zero que esta década traz.
Depois, temos os desafios da (4) economia e da (5) demografia. Ainda que a tecnologia e a sustentabilidade possam estar mais na ribalta, os ventos da economia dão sempre o mote e vão trazer bastantes desafios nos próximos 10 anos, especialmente agora que a pandemia fragilizou o tecido económico global. As taxas de juro não deverão voltar aos seus anteriores máximos, os mercados de capitais vão testar novos tectos e os bancos centrais terão que aprender a utilizar novas ferramentas macro prudenciais. Na demografia, a Europa enfrenta o desafio do envelhecimento da população, posto ainda mais em evidência com a pandemia. Na verdade, parece claro que as sociedades europeias terão um dos mais rápidos aumentos da população idosa, mudando os mercados e os hábitos de consumo.
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Por último, precisamente as mudanças nos (6) hábitos de consumo. Há uma maior propensão para a experiência, ao invés de apenas o preenchimento de uma necessidade de conveniência. Este é uma tendência desde logo aplicável ao retalho, claro. A pandemia fez disparar o comércio eletrónico, tornando mais óbvio o que já se sabia: é possível “comprarmos” quase tudo sem ir a uma loja, mas há coisas que não será possível termos com essa compra: a experiência sensorial! Esta dicotomia vai estender-se também à vida profissional, doméstica ou de lazer. Em todas as vertentes, vamos querer, cada vez mais, usufruir de uma experiência que supere a mera conveniência, com o espaço físico a ser uma peça chave na atração de pessoas. E com esta tendência a anunciar grandes mudanças no imobiliário. As lojas vão ter de ser diferentes, bem como os escritórios e as casas.
Em suma, muitas coisas vão ser diferentes. E mesmo que não consigamos ter a certeza de como será o mundo em 2030, não resta dúvida alguma de que novos cenários estão a emergir e que o imobiliário vai ter que evoluir rapidamente para lhes dar resposta.
*Artigo de opinião escrito para a Executive Digest
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