Artigo

Eleições à porta, taxas de juro a estabilizar… e o imobiliário em 2024?

Artigo de opinião por Patrícia Barão, Head of Residential

Fevereiro 09, 2024

Todos sabemos que 2023 foi um ano desafiante no setor imobiliário em Portugal.

Existem uma série de fatores externos que estão a afetar as perspetivas de evolução do imobiliário (especialmente as eleições em Portugal e as taxas de juro), que são potenciais focos de instabilidade, mas este é um mercado que já deu provas irrefutáveis da sua resiliência e que continua a ter bons indicadores de desempenho.

Passando este primeiro trimestre do novo ano, com a realização de eleições e a confirmação da tendência de estabilização (e pode ser, até de descida) das taxas de juro, acompanhada de níveis mais contidos de inflação, poderemos esperar um ano no mínimo alinhado com 2023 nos setores de melhor desempenho e em recuperação para o padrão dos últimos cinco anos nos segmentos que foram mais pressionados.

Há, contudo, temas prioritários na agenda que vão ser ainda mais evidentes este ano. Por um lado, todas as questões relacionadas com a implementação das medidas de ESG no imobiliário, para termos imóveis mais verdes, mais responsáveis com a sua comunidade e que contribuem para o bem-estar de quem os utiliza, sem perderem a sua competitividade enquanto investimento.

Por outro lado, a criação de nova oferta. É uma tecla batida vezes sem conta neste setor, mas, de facto, continuamos a sofrer de uma escassez estrutural de imóveis novos nos mais diversos tipos de imobiliário. Precisamos de mais casas, quer para vender quer para arrendar, mais escritórios, mais armazéns e naves logísticas, mais residências especializadas, quer para os seniores quer para os estudantes. Temos hoje setores que não expandem porque os fluxos de entrada de produto – qualificado – não são suficientes para preencher as necessidades de procura, que não encontra oferta adequada. Entre os casos mais flagrantes estão o imobiliário industrial e logístico, onde a oferta lançada é quase imediatamente absorvida; e a habitação construída de raiz para arrendamento, ou seja: o build-to-rent.

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Se é verdade que temos falta de casas para compra, também é verdade que a esmagadora maioria da oferta existente é dirigida a este tipo de ocupação. O arrendamento depara-se hoje com uma oferta reduzida e muito pulverizada, o que é preocupante num país onde as faixas mais jovens estão a perder o acesso à habitação por via da compra e onde o tecido demográfico está a mudar, com um forte crescimento da comunidade de emigrantes.

Tenho por isso, expetativas animadoras para a atividade do setor imobiliário em 2024, e escolho terminar este artigo com o reforço de um alerta em que todos devemos insistir: é preciso criar condições, especialmente de estabilidade, para que promotores e investidores possam investir e, assim, escalarmos a oferta de imóveis. A vontade do setor está lá. Vamos a isso?

*Artigo escrito para o portal Casa Yes

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