Balanço Positivo de 2024 e Boas Perspetivas para 2025
Mercado Imobiliário português deverá fechar 2024 em níveis superiores a 2023
O mercado imobiliário português deverá fechar o ano de 2024 em níveis superiores aos de 2023, numa tendência transversal a todos os segmentos. As projeções são da JLL, que estima um crescimento da ordem dos 20% no volume do investimento comercial e uma recuperação robusta na aquisição de habitação, os dois segmentos mais penalizados ao longo de 2023 e no arranque deste ano.
No setor de escritórios bem como no setor industrial & logística, o balanço de 2024 é especialmente positivo, com níveis de ocupação que, antes do final do ano, já estava 70% acima do total da atividade de 2023. No âmbito da hotelaria e do retalho, prossegue-se a trajetória positiva dos indicadores de operação, o que estimulou o desempenho destes dois segmentos imobiliários em termos de procura.
Carlos Cardoso, CEO da JLL, começa por explicar que “os resultados anuais estimados escondem um ano a dois ritmos: uma primeira metade de 2024 mais arrefecida do que o inicialmente previsto e uma segunda metade com uma boa reativação da atividade. No 1º semestre, o abrandamento sentiu-se especialmente no investimento comercial e na habitação, com uma redução nas transações. Foi, sobretudo, um reflexo das condições macroeconómicas e da instabilidade política. A inflação não se comportou como esperado e as taxas de juro só desceram a partir de junho. Paralelamente, tivemos eleições antecipadas em Portugal, numa situação exponenciada pelo facto de termos atualmente uma crise de acesso à habitação e uma enorme expetativa em torno das medidas criadas para resolver esta questão.”
E acrescenta: “O contexto macroeconómico menos favorável pressionou a capacidade financeira e rendimentos de empresas e famílias, ao mesmo tempo que a incerteza política afetou a sua confiança, levando ao adiamento de decisões de compra e investimento. Com o início das descidas dos juros, a estabilização da estrutura governativa e a implementação de novas medidas para o setor da habitação, o mercado imobiliário foi reativando, o que nos permite antecipar um fecho de ano superior a 2023 em todos os segmentos”.
No investimento comercial, as estimativas apontam para um regresso aos níveis médios dos últimos três anos, em torno dos €2.000 milhões transacionados, recuperando cerca de 20% face aos €1.700 milhões transacionados em 2023 e com um regresso à ribalta dos ativos de retalho.
Na habitação, depois de caírem quase 20% em 2023 e ainda no 1º trimestre, as vendas das casas estão a subir de forma expressiva. Os últimos dados revelam que, nos últimos três meses até novembro, o mercado residencial estava a transacionar 26% acima dos valores registados no final de 2023 no que respeita ao número de aquisições, resultado de uma forte aceleração da procura desde o período do verão.
A ocupação empresarial de escritórios e de logística regista um ano especialmente positivo. Estes setores foram uma exceção no 1º semestre, com aumento da absorção, e antes do final de 2024 já superam a atividade de todo o ano anterior. Em Lisboa, até novembro foram ocupados 193.200 m2 de escritórios, mais 72% do que o total de 2023, enquanto no Porto a ocupação nesse período de janeiro a novembro soma 65.900 m2, 32% acima do volume anual de 2023. No imobiliário de industrial e logística, a ocupação ascende a 513.500 m2 entre janeiro e setembro, mais 20% do que o acumulado de todo o ano de 2023.
Nos setores de hotelaria e retalho, os índices de crescimento são menores, mas dão continuidade à trajetória positiva do último ano, suportados por indicadores operacionais robustos. No âmbito da hotelaria, continuaram a aumentar o número de hóspedes (+5% até outubro) e a taxa de ocupação em Lisboa e Porto mantém-se acima dos 70%. No retalho assiste-se a um aumento do consumo privado, refletindo o bom desempenho do volume de vendas, do footfall e na melhoria da confiança dos consumidores, com estímulo da procura de espaços nos diversos formatos.
A par da recuperação dos fundamentais de desempenho e operação do mercado imobiliário, os indicadores de valor também exibem uma trajetória positiva. Os preços de venda das casas acumulam um crescimento de 10% até novembro, e o ritmo de crescimento está a intensificar-se. No investimento, as yields mantiveram-se estáveis para a maioria dos ativos imobiliários e com níveis competitivos no contexto europeu, enquanto as rendas de escritórios (28,5€/m2 de renda prime em Lisboa), logística (6,5€/m2 de renda prime em Lisboa) e retalho (140€/m2 comércio de rua prime em Lisboa e 85€/m2 no comércio de rua prime no Porto) atualizaram-se em alta. Na hotelaria, subiram os RevPAR e as diárias. Em Lisboa, até outubro, ambos os indicadores cresceram cerca de 7% para 135,5€ e 180€, respetivamente. No Porto, o aumento rondou os 4%, com o RevPAR nos 97,9€ e a diária média nos 136€.
Em relação ao comportamento de preços, rendas e rentabilidades, Carlos Cardoso explica que: “2024 volta a confirmar a resiliência deste setor. Mesmo no período de arrefecimento da atividade transacional durante o 1º semestre, os indicadores de valorização dos diversos segmentos sustentaram comportamentos positivos, o que se deve, em grande parte, também à generalizada falta de oferta”. De acordo com o CEO da JLL, este continua a ser um dos grandes desafios da indústria: “Temos falta de casas para as classes médias e camadas mais jovens, mas carecemos também de escritórios alinhados com as exigências de sustentabilidade das empresas, de espaços de logística e armazenagem, sem falar do potencial ainda por explorar de mercados como os data centers, as residências especializadas – seja de estudantes sejam seniores -, ou o build-to-rent”.
E acrescenta: “Após anos de baixa produção imobiliária, o mercado tem custado a retomar os níveis anteriores, especialmente na habitação, e, apesar de existir disponibilidade para investir, é necessário estimular de forma mais expressiva a criação de oferta. Não há dúvida de que se tem tentado criar condições para tal, com as medidas a nível da agilização de licenciamentos e procedimentos administrativos, mas uma das questões centrais a abordar é a redução do IVA na construção, que continua longe de ser respondida e poderia ter um papel muito importante na aceleração da nova oferta imobiliária”.
Relativamente a 2025, Carlos Cardoso considera que: “as expetativas para o quadro macroeconómico são positivas, com a estabilização da inflação, continuação da descida das taxas de juro e bons níveis de emprego. Apesar dos riscos geopolíticos na Europa, este cenário económico dá suporte à confiança de investidores, empresas e famílias, naturalmente traduzido numa boa dinâmica de procura par o setor imobiliário. Isto quer dizer que temos uma base sólida de procura, níveis de preços e rendas competitivos, num contexto de melhoria das condições económicas, abrindo perspetivas positivas para o mercado imobiliário em 2025. Mas temos que, enquanto indústria e país, criar mais oferta imobiliária e fazer crescer a produção”.
RESULTADOS MERCADO IMOBILIÁRIO 2024 (ESTIMATIVAS)
INVESTIMENTO
Volume de investimento em imobiliário poderá ultrapassar os €2.000 milhões, superando em cerca de 20% o ano 2023.
Cerca de 85% do investimento é de origem internacional.
Segmento do retalho agrega cerca de 50% do volume investido, recebendo as três maiores operações do mercado: a venda do Alegro Montijo com a JLL no sell-side (€178 milhões), de um portefólio de três centros comerciais (Rio Sul, Loures Shopping e 8ª Avenida, por €176 milhões) e de um portefólio de 12 lojas Continente (€150 milhões).
Ainda em retalho, destacaram-se duas operações de relevo: a venda do BPlanet no Barreiro, maior transação de um único retail park em Portugal, e a alienação de 50% do Alegro Sintra por €90M. A JLL atuou do lado do vendedor em ambas as operações.
O segundo setor mais ativo é o de hotelaria, com uma quota de cerca de 20% do volume transacionado. Acolhe uma das maiores operações do ano, a venda do resort Conrad Algarve, por cerca de €100 milhões.
Os escritórios recuperaram face a 2023, embora mantenham uma quota menor. Ainda assim, uma das maiores transações do ano envolve um ativo de escritórios, nomeadamente a venda da K-Tower.
De um modo geral, as prime yields mantiveram-se estáveis ao longo do ano após revisões em alta nos dois anos anteriores.
Localização, qualidade, certificação ESG geram forte nível de interesse por parte dos investidores.
ESCRITÓRIOS
Forte crescimento da ocupação de escritórios em Lisboa e Porto, acompanhado por um aumento dos valores prime de arrendamento.
Lisboa:
Ocupação de 193.200 m2, 72% acima dos valores totais de 2023;
Área média ocupada de 1.246 m2.
Maior área ocupada: ocupação da Caixa Geral de Depósitos no edifício Well Be, no Parque das Nações, envolvendo uma área de 26.710 m2.
Parque das Nações é a principal zona (36% da ocupação) e as empresas de Serviços Financeiros as mais dinâmicas (28% do take-up).
Renda prime é de 28,5€/m2/mês.
A JLL colocou o maior espaço de co-working da espanhola Monday no Marquês de Pombal 2, com uma área superior a 4.000 m2.
Porto:
Ocupação é de 65.900 m2, a mais elevada dos últimos 5 anos, e mais 32% em relação ao total de 2023.
Área média ocupada de 998 m2.
Maior área ocupada: ocupação da Deloitte no edifício Mutual, com 10.370 m2 e situado no CBD Boavista.
CBD Boavista é a principal zona (35% da ocupação) e as empresas de TMT’s & Utilities (35%) e as de Consultores & Advogados (31%) as mais dinâmicas.
Renda prime é de 21,0€/m2/mês.
A JLL esteve envolvida na ocupação da empresa Alten no Sousa Aroso 959 com uma área próxima dos 3.000m2.
RETALHO
Até ao 3.º trimestre, o consumo privado aumentou 2,8% face ao período homólogo, estando igualmente mais elevado que os três primeiros trimestres de 2019. Este segmento também animado pela boa performance do turismo.
Volume de vendas e footfall nos principais centros comerciais registaram um bom desempenho.
A Avenida da Liberdade continua a ser escolha de marcas de luxo, com inauguração de marcas como Patek Philippe, Molteni&C e IWC.
Em Lisboa destaca-se ainda a abertura de umas das maiores lojas da Zara a nível mundial, situada no Rossio.
As rendas prime no comércio de rua aumentaram, atingindo 140€/m2/mês em Lisboa e 85€/m2/mês no Porto. Destaca-se também o aumento das rendas prime no segmento específico do retalho alimentar, para 15€/m2/mês.
INDUSTRIAL & LOGÍSTICA
No acumulado de janeiro a setembro, foram ocupados 513.500 m2, cerca de 20% mais do que o total de 2023.
Há um aumento do investimento em nova oferta, com diversos projetos terminados em 2024, embora muitos deles desenvolvidos à medida do seu ocupante. Entre os projetos mais relevantes concluídos no ano passado, evidenciam-se o Benavente Logistic Park (naves 1 e 2), o VGP Park Montijo, o Ermida I – Santo Tirso, o Panattoni Park Valongo, o Gandra North Green Logistics Park, o Centro Logístico da Mercadona em Almeirim e o Entreposto Logístico do Lidl em Loures.
Para os próximos dois anos, estão previstos mais de um milhão de m2 em novos projetos, havendo uma crescente aposta na certificação ESG.
Atualização em alta das rendas prime para 6,5€/m2/mês nos eixos Amadora-Odivelas e Oeiras-Cascais, na região de Lisboa, e para 5,25€/m2/mês no eixo Porto de Leixões-Aeroporto, na região do Porto.
O segmento dos data centers é uma área com forte potencial de crescimento, especialmente para os centros de hipersescala. Considerando o potencial de procura ocupacional e a capacidade de resposta da oferta, o nosso país tem excelentes condições para escalar o imobiliário de data centers, e fazê-lo com elevada qualidade, afirmando-se como um alvo preferencial para o investimento neste tipo de ativos.
A JLL esteve envolvida na colocação de duas grandes áreas, ambas acima dos 16.000 m2: o Grupo Agris em Torres Vedras e o Aldi no Panattoni Park Valongo.
HOTELARIA
Até outubro, contabilizam-se 28 milhões de hóspedes nos estabelecimentos hoteleiros do país, mais 5% em termos homólogos.
O número de dormidas cresceu 4% no mesmo período, atingindo cerca de 7 milhões.
Até outubro, o RevPAR acumulado em Lisboa está nos 135,5€ e o ADR, isto é, a diária média, nos 180€, ambos refletindo um crescimento de 7% face ao período homólogo de 2023. No Porto, ambos os indicadores evoluíram também positivamente (cerca de 4% em termos homólogos), atingindo-se um RevPAR de 97,9€ e uma ADR de 136€.
As taxas de ocupação nas duas cidades mantêm-se elevadas, acima dos 70%.
HABITAÇÃO
Mercado começou a recuperar a partir do 2º trimestre de 2024, depois de ter registado um reduzido de quase 20% das vendas em 2023. No 2º trimestre, as vendas aumentaram 12% em termos trimestrais, para cerca de 37.100 unidades, e o montante transacionado 17%, para €7.880 milhões (dados do INE à data de hoje).
Os preços mantiveram a tendência de subida apesar da quebra nas vendas no início do ano, num contexto de falta de oferta. À medida que a procura reativou, a valorização tem vindo a acelerar. No acumulado do ano até novembro, os preços de venda aumentaram 10%, enquanto no verão acumulavam uma subida de 5% face ao final de 2023 (dados Confidencial Imobiliário).
Na segunda metade do ano, estima-se uma aceleração no crescimento das vendas, prevendo-se que tenham sido transacionadas mais de 41.000 casas entre setembro e novembro, ou seja, 26% mais do que acontecia no último trimestre de 2023 (dados Confidencial Imobiliário).
No acumulado de setembro a novembro, o preço médio de venda da habitação em Portugal ascendeu a 2.500 €/m2, atingindo os 3.187€/m2 no Porto e os 4.568€/m2 em Lisboa. (dados Confidencial Imobiliário).
ALTERNATIVOS
Portugal é um dos países com maior potencial de expansão nos alternativos, especialmente no segmento de living, dada a carência de stock de imobiliário desta natureza, em contraste com a forte procura.
Este desequilíbrio é visível em qualquer um dos subsegmentos destes modelos de habitação para arrendamento, incluindo no multifamily, o qual se espera que possa agora descolar e trazer uma resposta de habitação efetiva e acessível através do arrendamento.
Outro subsegmento muito promissor é o Purpose-built student accommodation – PBSA. Lisboa está na 8ª posição de um ranking liderado por Londres, Paris e Barcelona, como um dos destinos mais atrativos na Europa para investir em nova oferta de PBSA.
Até à data, o segmento de living somou €275 milhões de investimento, volume que corresponde a 14% do total investido no mercado imobiliário neste período. Tal significa que este setor em Portugal absorve uma fatia menor do que a média europeia, onde agregou 27% e lidera como o principal alvo para alocação de capital.
Sobre a JLL
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