Artigo

Almada pode ser a solução para o problema de habitação em Lisboa 

Artigo de opinião de João Silveira e Castro, Consultant Development

Junho 23, 2021

Almada pode conquistar terreno, posicionando-se como um mercado de complementaridade a Lisboa, especialmente para a primeira habitação direcionada à classe média

Começo por propor um exercício simples! Olhemos para Lisboa e para as cidades da margem Norte à sua volta. Em linha reta, do centro da capital ao respetivo centro de cada uma das outras, Lisboa está a 9km de Odivelas, 10km da Amadora, 12km de Loures, 15km de Oeiras, 23km de Sintra e 25 km de Cascais. Almada, com o rio a separar, está a 5,5 km de Lisboa. Nas distâncias percorridas de carro, Almada rivaliza com Amadora e Odivelas (cerca de 12/13 km).

Obviamente que é uma simplificação que não considera fatores como o trânsito, por exemplo, mas este exercício serve sobretudo para ajudar a desconstruir o “bloqueio” que muitas vezes existe em relação à cidade do outro lado do rio. Simplificações à parte, Almada é uma das cidades em redor de Lisboa que efetivamente está mais próxima da capital e que nos últimos anos se tem aproximado ainda mais. O rio está lá e exige uma travessia, é verdade, mas há uma rede vasta de transportes públicos, que incluem opções de barco, comboio, metro ou autocarro, além dos acessos viários.

Esta é só a primeira desmistificação que pretendo fazer com este artigo. Almada, mesmo com o rio a separá-la de Lisboa, é na atualidade um dos territórios com maior potencial enquanto polo de expansão urbana da capital, especialmente na habitação. Lisboa pratica um patamar de preços que não encontra rival em qualquer parte do país (como aliás acontece com a maioria das capitais dos outros países europeus), mas tem dinâmicas de procura também diferentes e já lida com uma escassez de oportunidades de desenvolvimento imobiliário, especialmente as que se dirijam para escalões de rendimento médio e que exijam grandes terrenos. É nesta proposta que Almada pode conquistar terreno, posicionando-se como um mercado de complementaridade a Lisboa, especialmente para a primeira habitação direcionada à classe média.

Há uma maior disponibilidade de solo para o desenvolvimento de “grandes” projetos, num mercado que tem valorizado bastante nos últimos anos e no qual o preço de venda se encontra em níveis semelhantes aos da primeira coroa de Lisboa (como Odivelas, Loures ou Amadora). A equação para a promoção/investimento é, assim, bastante interessante, sendo ainda alavancada pelo potencial de crescimento da procura.

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Desde 2014, as vendas de habitação em Almada aumentaram mais de 300% (dados da Confidencial Imobiliário) e o mercado tem bastante potencial para atrair mais procura. Para os “compradores” oferece uma maior qualidade de vida, equipamentos de saúde, comércio e ensino, num território de grande diversidade que conjuga cidade e praia e onde se estão a realizar (ou estão projetados) importantes investimentos na renovação urbana e na valorização paisagística.

A par desta vertente de primeira habitação, Almada é um mercado que pode também crescer na captação de procura de segunda habitação, beneficiando do vasto património natural de que dispõe e que quer impor o concelho como centralidade turística na Área Metropolitana de Lisboa.

Em suma, Almada está em profunda transformação, sendo um polo de crescente interesse para grandes projetos de regeneração. Só o Innovation District, a nascer na zona do polo universitário da NOVA, no Monte da Caparica, pretende criar habitação para 4.500 pessoas, além de incluir também valências de escritórios, ensino, cultura, comércio e serviços, prometendo criar uma nova centralidade residencial, turística e económica. Este projeto exemplifica bem o novo posicionamento de Almada, que reúne todos os ingredientes para ter um papel central na expansão do tecido urbano residencial de Lisboa, quer na perspetiva de quem promove a oferta, quer de quem a compra. E ainda tem a melhor vista sobre Lisboa!

*Artigo de opinião escrito para a Visão

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