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E assim serão os shoppings do futuro em Portugal…

É um inegável que o mercado de retalho está a mudar. A uma velocidade avassaladora. E este é um fenómeno global, que vai além-fronteiras.

Julho 11, 2018

É um inegável que o mercado de retalho está a mudar. A uma velocidade avassaladora. E este é um fenómeno global, que vai além-fronteiras. As compras tradicionais estão a ser, rapidamente, complementadas pelo comércio online. Os consumidores têm cada vez mais acesso a qualquer bem à distância de um clique: um smartphone e um cartão de crédito permitem comprar quase tudo, independentemente da localização do utilizador, do vendedor e do produto ou serviço transacionado. O tempo passou a ser o bem mais desejado e as compras virtuais oferecem-no aos consumidores. É neste cenário de mudança que importa colocar a questão: então, que futuro terão os formatos de retalho mais tradicionais?

Portugal é um dos mais maduros mercados de centros comerciais da Europa. É seguro dizer que resta pouco espaço de desenvolvimento para novos projetos, tendo em conta o crescimento e a concentração da população nos grandes centros urbanos. Mas olhando para a oferta existente, qual será o seu lugar no futuro do comércio no nosso país?

Talvez seja relevante olhar um pouco para trás. Em Portugal houve dois fatores determinantes para o sucesso dos centros comerciais: a lei do arrendamento, que provocou uma estagnação da oferta comercial, impedindo as ruas portuguesas de acompanhar as tendências de outras cidades europeias, e o conforto que este formato oferece; facilidade de estacionamento, possibilidade de compra comparada, “ruas” planas e abrigadas do sol foram alguns dos fatores que levaram os portugueses a aderir sem reservas aos centros comerciais.

Mas numa época em que o online ganha terreno diariamente e em que, mais do que apenas comprar o consumidor procura usufruir de uma experiência de compra, qual será a resposta dos centros comerciais? A chave está, em primeiro lugar, na adaptação. O portefólio português de centros é antigo – sendo que a grande maioria da oferta tem mais de 10 anos – e a realidade é que já é notória uma tendência no sentido da renovação.

O Amoreiras Shopping Center, o Big Bang do universo dos centros comerciais em Portugal, tem vindo a sofrer profundas mudanças, por exemplo. O seu food court foi recentemente alvo de renovação, retirando-lhe o cariz marcadamente de shopping e tentando dar-lhe uma aparência mais confortável, valorizando a experiência do utilizador, que acaba por passar mais tempo, aumentando a probabilidade de efetuar um maior número de compras. O Centro Colombo, outra referência no nosso mercado, tem caminhado na mesma direção; avizinha-se uma expansão, a praça de alimentação tem uma cara nova e alguns corredores estão a ser transformados; tudo para que o cliente tenha razões para continuar a visitar o centro, sabendo que vai acabar por encontrar uma nova experiência. Mesmo o Mar Shopping, em Matosinhos, com menos de 10 anos de operação, renovou pela segunda vez o seu food court. Até os centros comerciais mais pequenos e que têm tido um papel menos visível no panorama do retalho estão a reposicionar-se. Veja-se o caso do Saldanha Residence: com quase 20 anos de existência, está a passar por obras profundas para modernizar os espaços comuns e a oferta.

Num mundo em constante e rápida mudança o retalho não é uma exceção, mas creio que ainda estamos muito distantes, se é que algum dia lá chegaremos, do fim das compras físicas. O que não deixa dúvidas é que proprietários e marcas terão de empreender muito esforço e criatividade para que os consumidores continuem a ser surpreendidos e a ter motivos que os façam deslocar-se. O entusiasmo e a experiência que o centro proporcionará têm de conseguir oferecer e acrescentar algo à tentação e conforto do online.