Artigo

Um ano excecional para o mercado imobiliário

O sector imobiliário português teve uma primeira metade de ano incrível. Este bom período deveu-se não só ao elevado fluxo de operações, mas também ao facto de termos assistido a algumas das maiores transações de sempre no mercado.

Setembro 28, 2018

O sector imobiliário português teve uma primeira metade de ano incrível. Este bom período deveu-se não só ao elevado fluxo de operações, mas também ao facto de termos assistido a algumas das maiores transações de sempre no mercado. Mais: foi um crescimento robusto e transversal, visível quer em ativos de rendimento quer em ativos destinados à promoção imobiliária, e ainda evidente na ocupação de escritórios, de lojas e na venda de casas, onde o número de nacionalidades a comprar está para lá dos dois dígitos.

Ora isto faz-nos olhar em frente com confiança e perspetivar um segundo semestre a ritmo de crescimento ainda mais forte, tendo em conta os negócios já concretizados e os ativos que temos em pipeline, em negociação. A nossa estimativa é que toda a atividade realizada em 2018, pela JLL, atinja os €3.000 milhões. E isto fará deste ano um ano excecional.

Sejamos claros: o país está a beneficiar de uma conjugação muito favorável de fatores internos e externos, entre os quais o crescimento económico, o aumento de risco nos mercados de capitais e o baixo retorno de investimentos mais conservadores, bem como das boas rentabilidades oferecidas face a outros mercados europeus. A diversificação dos perfis de risco e a crescente competição pelos ativos de rendimento têm dinamizado também a compra de imóveis para promoção imobiliária nas cidades de Lisboa e Porto. Do lado da oferta, também poderá surgir mais negócio por parte da Banca, cuja exposição ao imobiliário tem sido muito elevada.

Uma tendência que podemos confirmar para a restante metade do ano é a progressiva subida das rendas nos escritórios, lojas e habitação, justificada pelo persistente desequilíbrio entre a falta de oferta e a dinâmica da procura, estando este fator de desequilíbrio ainda mais acentuado no contexto do mercado residencial.

A continuação do interesse internacional no imobiliário português como um dos motores do mercado, continuará a ser uma tendência para os próximos meses, com Portugal a apresentar-se como um destino consolidado, quer para investimento, quer para a compra de casa, instalação de empresas e ocupação turística. Somos cada vez mais atrativos.

Não nos surpreende, por isso, que no que ao investimento diz respeito, os estrangeiros representem 98% do volume transacionado no 1º semestre e que continuem, por sua vez, muito motivados a investir no país. O mesmo se passa no âmbito residencial. São eles que dominam as transações de habitação premium no centro das cidades de Lisboa e Porto. Ainda assim, também conseguimos confirmar a forte dinâmica do mercado nacional, com 47% das vendas residenciais, realizadas pela JLL, concretizadas com clientes portugueses. Estas duas cidades são também as localizações privilegiadas para o segmento de escritórios: gradualmente mais cosmopolitas, oferecem com custos de operação muito competitivos por comparação com outros países europeus. Nesse sentido, percebemos que a tendência será continuar a colocar Portugal nas principais opções para a instalação de empresas de todo o mundo.

Esperamos um segundo semestre na mesma linha: a de crescimento.

Isto são claramente boas notícias que devem ser potenciadas por um quadro fiscal e legal estável, com o mínimo de alterações possível. Este bom momento pode ser revertido se, sobretudo no que diz respeito ao mercado residencial, algumas propostas de lei forem aprovadas, podendo eventualmente matar à nascença o praticamente inexistente mercado de arrendamento. Este mercado tem um grande potencial de crescimento no médio-prazo, pois a atual falta de casas para arrendar, conjugada com o aumento generalizado dos preços da habitação e com o estilo de vida diferente das novas gerações, tem despertado o interesse de diversos players do setor, que poderão dar finalmente escala à oferta para a classe média portuguesa.