Será a dificuldade na obtenção de financiamento “o” desafio ou o bid-ask spread?
Artigo de opinião por Karina Simões, Head of Hotel Advisory
O interesse em investir no sector hoteleiro encontra-se em contraciclo, quando comparado com outras classes de activos, mas alguns são os desafios que os investidores enfrentam nesta fase, dado o contexto económico que se vive a nível mundial. A resiliência do sector, a solidez dos preços dos hotéis, bem como o reconhecimento generalizado de que estes representam menos riscos a longo prazo do que outras classes de activos, têm vindo a manter elevada a concorrência entre os investidores.
A dificuldade na obtenção de financiamento para a concretização das transacções será eventualmente um dos principais desafios, tudo por conta das alterações registadas na política monetária. Mas será “o” principal? Ainda que as entidades bancárias e os fundos de dívida vão mostrando a sua disponibilidade em ser parte integrante dos processos, a história subjacente tem de ser interessante e o preço tem de estar no nível certo para que tenham confiança. Os credores estão preocupados com os custos excessivos e procuram de alguma forma proteger-se, mas a forma como veem a indústria não mudou realmente, mesmo que os consumidores tenham ficado sob um pouco mais de stress com os aumentos de energia e do custo de vida. Para adicionar um layer de complexidade, as exigências por parte dos credores ao nível da implementação de práticas relacionadas com ESG, tornam o desafio ainda maior, não só pelos requisitos, mas também pelos custos associados (ainda que esteja comprovada desde já a eficiência e melhorias nos custos que a adopção destas práticas trazem consigo).
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Mas a realidade é que as operações de financiamento neste sector continuam a acontecer, apesar da volatilidade do mercado. Estas transacções tendem a envolver activos core e core plus com necessidades limitadas de CAPEX, com KPI’s operacionais sólidos, business on the books interessantes, e mais especificamente centrada em activos mais direccionados para o segmento de Lazer. Por outro lado, os activos com localizações urbanas – cuja recuperação pós-Covid só agora se começa a fazer sentir, logo menos robustos em termos operacionais nesta fase – e com maiores necessidades de investimento em CAPEX, têm vindo a sentir maior dificuldade na obtenção de financiamento.
Tudo aponta para que se verifique uma recessão ligada à inflacção, e com a tendência continuada de crescimento das taxas de juro poderão existir oportunidades no negócio por via do ajustamento dos preços, perspectivando-se desta forma uma maior facilidade na obtenção de financiamento, considerando-se assim que o elefante na sala neste momento é o bid-ask spread que se verifica nos activos hoteleiros que se encontram em venda, um pouco por toda a Europa.
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