Artigo

O Pacote Omnibus e o Futuro da Sustentabilidade no Imobiliário

Artigo de opinião por Sustainability & ESG JLL Portugal

Março 03, 2025

A União Europeia prepara-se para reformular as regras ESG através do chamado Pacote Omnibus, uma proposta que visa simplificar os regulamentos ambientais, sociais e de governança. A promessa é clara: reduzir a burocracia, evitar sobreposições e garantir que os objetivos climáticos e sociais sejam mantidos. Mas, para o setor imobiliário, um dos mais impactados pelas políticas ESG, esta simplificação pode representar um avanço ou um retrocesso?

O Impacto no setor Imobiliário

Nos últimos anos, o setor imobiliário tem sido fortemente influenciado pelas novas diretrizes ESG, com impacto direto em financiamento, investimento e valorização dos ativos. Regulamentos como a CSRD, a CSDDD e a Taxonomia da UE trouxeram maior transparência ao mercado, mas também complexidade e desafios operacionais para proprietários, fundos e promotores imobiliários.

 A proposta do Pacote Omnibus sugere ajustes nestes regulamentos para aliviar a carga administrativa e tornar as obrigações mais claras e proporcionais. Para o setor imobiliário, isso pode significar menos exigências no reporte ESG, maior flexibilidade na aplicação da taxonomia e simplificação nos critérios de diligência devida em cadeias de fornecimento.

Mas será que simplificar as regras ESG significa tornar o mercado mais eficiente ou apenas facilitar a inércia? Menos Regulamentação, Mais Oportunidades?

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Se bem implementado, o pacote pode beneficiar o setor imobiliário ao reduzir custos administrativos e tornar a sustentabilidade mais acessível. Menos burocracia pode acelerar investimentos e estimular a renovação do parque imobiliário com foco na eficiência energética e na descarbonização.

Além disso, a simplificação pode atrair investidores que, até agora, viam a regulação ESG como um entrave. O mercado de fundos imobiliários sustentáveis pode crescer com regras mais claras, e os proprietários podem ter mais previsibilidade na adaptação dos seus ativos às exigências ESG.

O Risco da Flexibilização

Mas há um outro lado da moeda. Se as exigências ESG forem reduzidas sem mecanismos eficazes de fiscalização, pode-se abrir espaço para um mercado menos transparente e para práticas de greenwashing. A credibilidade dos ativos sustentáveis pode ser questionada se a simplificação pode significar menor rigor na classificação da taxonomia ou menor responsabilização por parte dos investidores e gestores de ativos.

Além disso, o setor imobiliário tem uma responsabilidade central na transição climática. Se a regulação for excessivamente flexibilizada, pode haver menos incentivos para a reabilitação de edifícios ineficientes, a redução das emissões operacionais e a integração de critérios sociais e de governança no desenvolvimento urbano.

O Equilíbrio Necessário

A questão essencial não é apenas se devemos simplificar, mas como o fazemos. O futuro da Sustentabilidade no setor imobiliário dependerá da capacidade de encontrar um equilíbrio entre regras claras e eficientes e um compromisso ESG robusto.

Três cenários podem emergir deste Pacote Omnibus:

  1. Impulso para a inovação sustentável – Se bem desenhado, o pacote pode reduzir barreiras, facilitar a captação de investimento e tornar a sustentabilidade um motor de valorização dos ativos imobiliários.

  2. Retrocesso na transição ESG – Se a simplificação significar um relaxamento nos critérios, pode comprometer os compromissos climáticos e diminuir a confiança do mercado na resiliência dos ativos.

  3. Uma via intermédia pragmática – A melhor solução será uma simplificação administrativa sem perda de integridade regulatória, assegurando que os ativos imobiliários continuem a evoluir para padrões mais sustentáveis.

Conclusão: O Imobiliário está pronto para esta mudança?

O Pacote Omnibus pode representar um alívio para investidores e promotores, mas o desafio será garantir que esta simplificação não comprometa a ambição ESG do setor. Afinal, num mercado onde a sustentabilidade já se tornou sinónimo de valorização e resiliência, a questão não é apenas se devemos reduzir burocracia, mas como garantir que essa eficiência não nos afasta dos objetivos climáticos e sociais.

Estamos a simplificar para evoluir ou a flexibilizar para recuar? O setor imobiliário tem agora a oportunidade de influenciar este debate e garantir que a sustentabilidade continua no centro da estratégia de investimento e desenvolvimento urbano na Europa.

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