Energias Renováveis em Imóveis
Artigo de opinião por Sustainability JLL Portugal
A utilização de energias renováveis em edifícios está a tornar-se cada vez mais comum, impulsionada por metas de descarbonização, legislação europeia e incentivos nacionais. O recente apagão que afetou o país mostrou também como a nossa dependência da rede elétrica nos torna vulneráveis. Apostar em soluções de energia renovável é mais do que uma escolha sustentável, é um investimento na autonomia e na segurança dos nossos edifícios. Entre as soluções mais adotadas encontram-se os sistemas solares fotovoltaicos e térmicos, as bombas de calor, as caldeiras a biomassa e, em menor escala, os sistemas geotérmicos. Segundo dados da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), os sistemas solares representam mais de 80% da potência renovável instalada em edifícios residenciais e comerciais, devido à sua escalabilidade, facilidade de instalação e rápida amortização. Estes sistemas permitem não só reduzir os custos energéticos, mas também melhorar o conforto térmico, aumentar o valor dos imóveis e contribuir para o cumprimento de metas ambientais. No entanto, entre todas as opções disponíveis, é o solar fotovoltaico que mais se destaca no mercado português, pela combinação de elevada radiação solar, maturidade tecnológica e acesso a apoios financeiros específicos.
A transição para fontes de energia renovável tem ganho um novo impulso em Portugal, especialmente no setor imobiliário, onde os edifícios são responsáveis por cerca de 30% do consumo total de energia. A pressão regulatória europeia, a volatilidade dos preços da energia e o reforço dos compromissos de sustentabilidade por parte de investidores e ocupantes estão a criar um novo paradigma para o desenvolvimento e gestão de ativos imobiliários. Neste contexto, os sistemas solares fotovoltaicos emergem como a solução mais acessível, eficiente e adequada à realidade portuguesa.
Portugal apresenta um dos maiores índices de radiação solar da Europa, com uma média anual de 2.200 a 3.000 horas de sol, o que torna a energia solar particularmente atrativa tanto para edifícios residenciais como comerciais. Para um edifício típico, a instalação de um sistema fotovoltaico pode reduzir até 60% da fatura elétrica anual, com um retorno médio do investimento entre 6 e 10 anos, dependendo da dimensão do sistema e do perfil de consumo.
Além da poupança direta, os edifícios com sistemas de autoconsumo tornam-se mais resilientes face à instabilidade dos preços da eletricidade e mais atrativos para inquilinos e investidores. No mercado de arrendamento, por exemplo, edifícios com classificação energética A ou superior podem gerar rendas até 20% mais elevadas do que edifícios com classificação inferior, segundo dados da ADENE, a Agência Portuguesa para a Energia.
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Também o quadro legislativo e fiscal português tem evoluído para apoiar esta transição. Desde 2024, os equipamentos de produção de energia renovável, como painéis solares, beneficiam de uma taxa de IVA reduzida de 6%, incluindo instalação, manutenção e reparação. Paralelamente, o Fundo Ambiental tem lançado programas de incentivo como o “Programa de Apoio a Edifícios Mais Sustentáveis”, com subsídios diretos à instalação de sistemas solares, janelas eficientes e isolamento térmico. Em edições anteriores, este programa chegou a financiar até 85% do custo dos sistemas solares, com um teto de 2.500 euros por candidatura. Para sistemas de autoconsumo até 1 MW, os rendimentos provenientes da venda de excedente à rede estão isentos de IRS até ao limite de 1.000 euros por ano. Para projetos de maior dimensão ou integrados em estratégias de reabilitação urbana o IFFRU (Instrumento Financeiro para a Reabilitação e Revitalização Urbana) disponibiliza financiamento a condições favoráveis incluindo períodos de carência e taxas de juro reduzidas, incluindo nas intervenções elegíveis a instalação de painéis solares, bombas de calor, janelas eficientes e isolamento térmico – medidas fundamentais para alcançar a neutralidade carbónica.
No entanto, os desafios persistem. O investimento inicial continua a ser uma barreira, sobretudo em edifícios multifamiliares ou com múltiplos proprietários. A orientação e área útil dos telhados, a presença de sombras e a capacidade da infraestrutura elétrica são condicionantes técnicas relevantes. Em edifícios comerciais, a articulação entre senhorio e inquilinos pode dificultar a decisão de investimento, sobretudo quando não existem modelos partilhados de benefício. Do ponto de vista burocrático, os processos de licenciamento e ligação à rede continuam morosos e, em alguns casos, desincentivadores. Além disso, para garantir a viabilidade a longo prazo, é fundamental assegurar a manutenção e monitorização dos sistemas solares. Estudos mostram que a falta de limpeza e supervisão técnica pode levar a perdas de eficiência superiores a 15% ao fim de cinco anos.
Ainda de forma embrionária, mas com grande potencial, começa a ganhar tração em Portugal o conceito de comunidades de energia renovável. Estas comunidades permitem que vários consumidores — residenciais ou comerciais — partilhem a energia produzida localmente, otimizando o uso de energia solar e promovendo uma lógica de descentralização energética. Embora o enquadramento legal ainda esteja em fase de desenvolvimento e clarificação, projetos-piloto em municípios como Évora e Cascais têm mostrado resultados promissores, com reduções significativas nas faturas energéticas dos participantes.
Oportunidades de investimento
Num cenário em que a neutralidade carbónica e a eficiência energética se tornaram critérios centrais de valorização imobiliária, a adoção de sistemas de energia renovável representa uma oportunidade estratégica para proprietários, investidores e ocupantes. A sustentabilidade energética deixou de ser uma opção e passou a ser uma vantagem competitiva real, capaz de gerar poupança, atrair talento e aumentar o valor dos ativos.
Recomendações da equipa de sustentabilidade da JLL:
- Faça uma avaliação técnica e financeira: Antes de investir realize um estudo detalhado para identificar o potencial de produção de energia, custos de instalação e retorno esperado.
- Explore modelos de financiamento inovadores: Considere contratos PPA (Power Purchase Agreement) e parcerias com empresas de serviços energéticos (ESCOs) para reduzir o investimento inicial e transferir o risco operacional.
- Considere integrar uma comunidade de energia: Quando possível, explore modelos de partilha de energia para maximizar o retorno e a poupança.
- Pondere os sistemas de armazenamento: Investir em baterias garante maior autossuficiência e estabilidade no fornecimento de energia, mesmo nos períodos com menos produção solar.
- Garanta a monitorização contínua: Utilize sistemas de gestão e monitorização inteligente para otimizar o desempenho em tempo real e garantir uma operação eficiente.
Sustainability JLL Portugal
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