Artigo

Vamos conseguir aproveitar a maré do "dry powder" no investimento?

Artigo de Opinião por Gonçalo Santos, Head of Capital Markets na JLL

Março 17, 2023

Esta semana foi marcada por uma maior turbulência económica, com a queda do Sillicon Valley Bank, com a “possível” queda do Crédit Suisse e um novo aumento de 50 pontos base na Euribor, além dos tópicos já habituais da inflação e do conflito na Europa. Os alarmes soam um pouco por todo o mundo, com receios de maior instabilidade e impactos na economia.

No setor do imobiliário, o sentimento é, ainda que com algum otimismo, obviamente cauteloso, conforme pudemos ver no MIPIM, a maior feira de imobiliário do mundo, que termina agora em Cannes. Apesar destes fatores macroeconómicos que aumentam a volatilidade das economias, os investidores imobiliários continuam bastante ativos na procura de oportunidades, como se viu pela elevada afluência desta comunidade ao MIPIM, com o número de visitantes a crescer cerca de 15% este ano.

O imobiliário é um tipo de ativo que se destaca pela sua segurança e por uma relação risco/retorno muito atrativa, enquanto aumenta a pressão de investir, pois há um volume muito grande de capital à espera de ser aplicado.

Esta liquidez existente não aplicada é o que apelidamos de dry powder e é um contexto do qual Portugal poderia beneficiar bastante no atual momento. Temos produtos imobiliários de excelente qualidade e mantemos um mercado ocupacional muito dinâmico, com o desequilíbrio da oferta e da procura a sustentar a trajetória ascendente de preços e rendas nos mais diversos tipos de imóveis. Além disso, uma das questões que mais tem marcado as transações de investimento imobiliário a nível global, que é o desencontro de expetativas de preço entre compradores e vendedores, tem sido bem resolvida no nosso mercado.

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O trabalho português no MIPIM, para evidenciar as qualidades do nosso mercado, foi bem feito. Tivemos provavelmente a maior representação de profissionais e empresas de que há memória, uma agenda muito dinâmica e um esforço para fazer brilhar e divulgar o nosso país, incluindo numa perspetiva das macro-regiões. Até nos prémios desta feira, os Mipim Awards, tivemos representação, com o projeto Fuse Valley entre os concorrentes finalistas. É um motivo de orgulho para todo o setor, comprovando a qualidade do nosso mercado e o seu reconhecimento externo.

A indústria faz o seu trabalho, contudo... há um senão: as medidas governamentais portuguesas que estão em cima da mesa, a aplicar ao setor residencial, e que acabam por impactar todo o imobiliário, estão a fazer eco lá fora. O fim dos Vistos Gold, os limites impostos às atualizações das rendas e a fixação de tetos de rendas em novos contratos, ou a intenção de impor modelos de arrendamento coercivo, foram várias vezes citados pelos investidores internacionais, e são uma clara ameaça à credibilidade e atratividade do nosso país enquanto destino de investimento, o que é de facto, lamentável. Portugal poderia ser um alvo preferencial desta “pólvora” (dry powder) que está parada e à espera de ser investida.

Escrito escrito para o Observador

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